quinta-feira, 28 de maio de 2009

lutz van dijk

À primeira vista, a História do amor e do sexo, de Lutz van Dijk, parece ao mesmo tempo confusa e ordenada. O livro tem edição atraente e transmite uma diversidade estruturada, mas é exatamente esta diversidade que confunde o leitor. Por outro lado, é também o que diferencia este livro de outros. Em um primeiro momento, van Dijk distingue explicitamente entre amor e sexo, mas quando organiza essas categorias de acordo com suas diferentes conexões históricas, o leitor entende por que precisam ser tratadas em separado. Quando se examina a seleção de perspectivas reunidas por van Dijk neste seu panorama, fica evidente que o livro não é e nem pretende ser uma análise sistemática e completa, mito antes uma descrição das diversas formas de amor e sexualidade que existiram e existem em diferentes épocas e diferentes lugares do mundo. Van Dijk narra e também traz outras vozes para contar suas experiências. Os relatos de jovens e idosos transmitem uma clara idéia da diversidade de vivências da sexualidade e/ou do amor. Essas diferentes perspectivas formam um leque amplo. Começando com considerações sobre o surgimento da vida e os mitos de criação de diversas culturas, o autor se move ao longo de uma linha do tempo, fazendo incursões por toda parte ao redor do globo e em saltos cronológicos. Um exemplo para essa metodologia temática é a menção aos mais recentes desenvolvimento no campo da pesquisa do vírus da Aids dentro do capítulo que trata da África e do surgimento do Homo sapiens há cerca de 20 mil anos. Passando pela Antigüidade grega e romana, o autor chega à forma com que as três religiões monoteístas e as religiões e as culturas do Extremo Oriente lidam com o amor e o sexo. No que se refere à Europa, existe uma grande lacuna entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Ao examinar como a literatura lida com paixão, morte e amor e o questionamento de quando que o ser humano é capaz de sentir um amor apaixonado, por exemplo, van Dijk pula diretamente para Shakespeare. Quanto mais van Dijk se aproxima dos tempos atuais, mais se torna concreto e examina a função desempenhada pelo sexo e pelo amor com parâmetros políticos. Um dos temas que aborda, por exemplo, é o exotismo que surge com mais vigor nos tempos do colonialismo, No mesmo capítulo há uma breve digressão sobre Sigmund Freud e o desenvolvimento da psicanálise. A sexualidade como tabu serve, nesse caso, como elo temático entre o “selvagem” e o “civilizado”. Por fim, van Dijk trata das minorias. Como os homossexuais, os deficientes físicos e as pessoas da terceira idade podem vivenciar sua sexualidade sem serem cerceados pelas normais sociais? E quais os novos rumos que aparecem com as possibilidades de difusão da Internet? Trata de sexo virtual, bolsas de agenciamento de encontros, pornografia ilegal, tráfico de pessoas e turismo sexual. Conforme mencionado no início, a História do amor e do sexo de van Dijk é mais uma coleção de relatos interessantes do que uma historiografia sistematizada, Tampouco é um livro que visa esclarecer gente jovem. É um livro que oferece bem mais do que as informações corriqueiras sobre amor e sexo. A conexão entre esses temas e quase todos os outros setores da vida, como política, economia e arte se torna clara através da forma de apresentação, sem ênfase desnecessária no aspecto pedagógico. O principal desafio para o autor – e que ele, sem dúvida, conseguiu vencer bem – é transmitir aos leitores a certeza de que o amor e o sexo existem em inúmeras formas e maneiras, e que cada um precisa descobrir para si o que é mais importante para ele ou ela.

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