quinta-feira, 30 de abril de 2009

Alan Guth

Nossa região do universo está morrendo. Num futuro distante, o combustível das estrelas se esgotará e não haverá mais luz nem vida. A humanidade pode escapar desse fim?Guth - Uma das consequências da inflação é que o universo em larga escala é eterno. Vivemos numa bolha. Outras continuarão sendo criadas sempre. Desafortunadamente, entretanto, tudo indica que essa proliferação cósmica não é de grande valia aos nossos descendentes. Parece que, mesmo se puderem viajar à velocidade da luz, nunca conseguirão escapar da nossa bolha. - Mas, segundo Einstein, nada pode viajar mais rápido que a luz. Nosso destino é ficar confinados no sistema solar?Guth - Não estou certo de que isso signifique ficarmos enclausurados no sistema solar. Muito mais factível do que viajar mais rápido que a luz é a possibilidade de congelar uma pessoa para embarcá-la numa nave e ressuscitá-la milhares de anos no futuro em um planeta de outra estrela como se nada tivesse acontecido. - Outro meio seria atravessar um objeto cósmico conhecido como buraco de minhoca. Seria uma solução?Guth - Discute-se a possibilidade de construir um tubo parecido com um buraco de minhoca que possa formar um atalho entre dois locais distantes do universo. Se buracos de minhoca existem, e nenhum foi observado, poderiam ser usados para fazer uma máquina do tempo que permitiria à população do futuro retornar ao tempo em que foram construídos. Mas ninguém ainda encontrou um jeito de fazer isso. - É possível construir telescópios que enxerguem a fronteira da nossa bolha e até mesmo mais além?Guth - Podem-se fazer telescópios muito mais poderosos que os atuais para fornecer imagens mais nítidas de galáxias muito distantes. Mas não espere por telescópios para ver além dos atuais. Quando observamos o espaço olhamos para trás no tempo. Se olhássemos longe o bastante, veríamos o momento em que não havia estrelas nem galáxias. Se fôssemos mais além, presenciaríamos o momento da criação da radiação cósmica de fundo, 300 mil anos após o Big Bang. Não há esperança de ver mais longe.- Podem-se criar universos no interior de laboratório?Guth - Já trabalhei sobre esta hipótese. Tecnologicamente é inconcebível, pois requer uma concentração de energia mais de um trilhão de trilhão de trilhão de trilhão de trilhão de vezes superior a qualquer coisa que se conhece. Apesar disso, em princípio as leis da física o permitem. Se uma pequena bola do material que possibilita a inflação fosse produzida em laboratório, cresceria até se tornar um novo universo.- Mas, ao se expandir, não destruiria a Terra e o sistema solar?Guth - Não, seria uma experiência inofensiva. O novo universo criaria o seu próprio espaço e se separaria rápida e completamente do nosso, impossibilitando qualquer contato posterior. Do nosso ponto de vista, a região onde se formasse pareceria um buraco negro. - Alguns físicos pesquisam fenômenos da parapsicologia, como a telecinesia, capacidade de mover objetos com o pensamento. O que acha disso?Guth - Suponho que faz sentido para uma pequena parcela de físicos gastar seu tempo olhando o inesperado, mas ficaria surpreso se alguma dessas pesquisas levasse a um resultado positivo. Os telescópios, microscópios e receptores de rádio modernos são muito mais sensíveis que os sentidos humanos. É difícil acreditar na existência de sinais telepáticos que possam iludi-los.- Caso a sua teoria esteja correta, sonha ganhar o Prêmio Nobel?Guth - Fico satisfeito em deixar esta pergunta para o comitê da Fundação Nobel, em Estocolmo, na Suécia. http://web.mit.edu/physics/

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