sábado, 2 de maio de 2009

Paul Virillo

Em um vôo rasante que o firmaria como pensador de primeira ordem, Virilio não deixa pedra sobre pedra e mostra como, de Esparta ao Vietnã, da Revolução Francesa à era da cibernética, passando pelos teóricos e protagonistas do conflito e da guerra, Sun Tsu, Maquiavel, Napoleão, Clausewitz, Hitler, Stalin, Mao, a História perde espaço, o humano fica subjugado à vertigem da aceleração, e a velocidade e o movimento destroem o Tempo: é o que ele chama de "Estado de urgência", onde "parar significa morrer".Nesta cativante reflexão sobre a implosão da História, Virilio mostra como o homem assume primeiro a rua, para depois perceber que o espaço que conta é a estrada, o movimento. Esparta sucumbiu porque não navegou. A Inglaterra se firmou como potência porque controlou os mares — as auto-estradas da época — deixando as outras potências européias se digladiarem em guerras pelo controle da massa continental quando o que contava era o movimento, as vias de comunicação, o acesso rápido às colônias, a velocidade de deslocamento. A esse respeito, em longo depoimento a François Ewald no Magazine Littéraire de novembro de 1995, Virilio nos revela como foi surpreendido cedo pelo impacto da velocidade conjugada com essa forma consagrada de fazer política que é a guerra: "Um dia, em 1940, estamos almoçando. O rádio anuncia que os alemães estão em Orléans. Pouco tempo depois, ouvimos um barulho estranho na rua. Como todos os meninos, me precipito para ver: os alemães estavam atravessando a ponte e se dirigindo velozmente para o litoral. Era mais ou menos como a Guerra do Golfo ao vivo, mas um ao vivo motorizado. Foi para mim a experiência fundamental da velocidade. A velocidade é em primeiro lugar exatamente isso: a surpresa absoluta, uma informação que não coincide com a realidade porque a realidade vai mais rápido que a informação". Com outras técnicas, outros meios, é o que ocorre hoje: quem controla a velocidade controla tudo: o espaço e a informação.

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