– Em seu livro, Império, o senhor considera a construção de um mercado global como um Império. Como este Império se constrói?Michael Hardt – Pode-se, incialmente, considerar a relação contemporânea entre o Império e o mercado capitalista global como paralela à relação previamente existente entre o estado-nação e o mercado capitalista nacional. No espaço nacional, o desenvolvimento da produção capitalista e dos mercados requeria o apoio do estado-nação. Capitalistas individuais podem ter conflitado entre si e com o próprio estado-nação, mas o estado-nação esforçou-se para garantir o juros de longo prazo do capital coletivo. Isto é o que Marx e Engels querem dizer quando, no manifesto comunista, definem o Estado como gerenciador ou comitê executivo do capital coletivo. Na fase contemporânea do desenvolvimento capitalista, entretanto, o estado-nação não é mais o aparato de regulamentação da atividade do capital em seu próprio interesse coletivo a longo prazo. A atividade do capital agora estende-se para além das fronteiras nacionais. Mas isso não significa que o capital tenha, agora, subitamente, se tornado autônomo e capaz de regular a si próprio. O capital necessita, ainda, das funções do estado de forma a garantir seu interesse coletivo. O Império que está se formando hoje preenche este papel. Pode-se pensar o Império, como com Marx e Engels, como o comitê gerenciador do capital global.– É certo afirmar que, após dois mil anos, é a primeira vez que o conceito de Império alcança sua forma mais completa e ilimitada? Por que isso?Michael Hardt – O conceito de Império sempre se centrou em torno da regra ilimitada. Os romanos, os chineses e vários outros Impérios antigos reconheciam que sua regra não abarcava toda a Terra, mas eles o concebiam, no entanto, de forma a incluir todo o mundo “civilizado”. Aqueles Impérios, no entanto, eram limitados como foram também os modernos colonialistas europeus e os projetos imperialistas. O Império de hoje, que se expande por todo o globo e por todo mercado mundial, é, neste sentido, o primeiro Império a alcançar a forma completa e ilimitada que seu conceito implica. – Quais podem ser as conseqüências disso?Michael Hardt – Uma conseqüência da natureza ilimitada do Império é que as alternativas a sua regra devem brotar de dentro do próprio Império. Um dos lemas repetidos diversas vezes em nossos livros é que hoje não há mais o “exterior”.sexta-feira, 1 de maio de 2009
Michael Hardt
– Em seu livro, Império, o senhor considera a construção de um mercado global como um Império. Como este Império se constrói?Michael Hardt – Pode-se, incialmente, considerar a relação contemporânea entre o Império e o mercado capitalista global como paralela à relação previamente existente entre o estado-nação e o mercado capitalista nacional. No espaço nacional, o desenvolvimento da produção capitalista e dos mercados requeria o apoio do estado-nação. Capitalistas individuais podem ter conflitado entre si e com o próprio estado-nação, mas o estado-nação esforçou-se para garantir o juros de longo prazo do capital coletivo. Isto é o que Marx e Engels querem dizer quando, no manifesto comunista, definem o Estado como gerenciador ou comitê executivo do capital coletivo. Na fase contemporânea do desenvolvimento capitalista, entretanto, o estado-nação não é mais o aparato de regulamentação da atividade do capital em seu próprio interesse coletivo a longo prazo. A atividade do capital agora estende-se para além das fronteiras nacionais. Mas isso não significa que o capital tenha, agora, subitamente, se tornado autônomo e capaz de regular a si próprio. O capital necessita, ainda, das funções do estado de forma a garantir seu interesse coletivo. O Império que está se formando hoje preenche este papel. Pode-se pensar o Império, como com Marx e Engels, como o comitê gerenciador do capital global.– É certo afirmar que, após dois mil anos, é a primeira vez que o conceito de Império alcança sua forma mais completa e ilimitada? Por que isso?Michael Hardt – O conceito de Império sempre se centrou em torno da regra ilimitada. Os romanos, os chineses e vários outros Impérios antigos reconheciam que sua regra não abarcava toda a Terra, mas eles o concebiam, no entanto, de forma a incluir todo o mundo “civilizado”. Aqueles Impérios, no entanto, eram limitados como foram também os modernos colonialistas europeus e os projetos imperialistas. O Império de hoje, que se expande por todo o globo e por todo mercado mundial, é, neste sentido, o primeiro Império a alcançar a forma completa e ilimitada que seu conceito implica. – Quais podem ser as conseqüências disso?Michael Hardt – Uma conseqüência da natureza ilimitada do Império é que as alternativas a sua regra devem brotar de dentro do próprio Império. Um dos lemas repetidos diversas vezes em nossos livros é que hoje não há mais o “exterior”.
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