sexta-feira, 1 de maio de 2009

Jean-francois Lyotard

Convidado para expor sua visão do ato de escrever e do que entendia por teoria crítica nas famosas Wellek Library Lectures da Universidade da Califórnia, em Irvine, acompanhamos aqui um Jean-François Lyotard chegando à conclusão que é um exercício vão querer fazê-lo, algo como a quadratura do círculo.O que ganhamos com esta obra, no fim, são cerca de cinqüenta anos de caminhos e descaminhos entre literatura, estética, ética e engajamento político. Lyotard discorre sobre o juízo do gosto em Kant, estabelece um paralelo entre este e Cézanne, "a pureza do sentimento estético", enveredando pela ótica da independência do sentimento estético em relação ao conceito e ao interesse (a passividade sem páthos do artista, "exatamente o contrário da atividade controladora do espírito"). Aborda Hegel, Nietzsche, Heidegger, Wittgenstein, Lacan, alicerces irremovíveis. Marca também sua posição frente ao reino das letras - por meio de Hölderlin, marca indelével, Claude Simon, Peter Handke.O grande confronto não é apenas filosófico, mas político também (é o não a continuação da mesma coisa?). Debruça-se sobre as décadas de militância, os embates com o stalinismo; Rosa Luxemburgo, Trotski, Lênin, são comentados pelo viés de um longo embate com seu colega mais "ortodoxo" do grupo Socialismo e Barbárie. Memorial de tempos revolutos, singela homenagem também a um companheiro revolucionário que tomara outros rumos - mas na verdade era o século, "o grande século do marxismo", que tomava outros rumos. E o que resta, no fundo, é um brado à amizade, à divergência na amizade, uma peregrinação humanista.
Neste livro, Jean-François Lyotard, o mais eclético dos filósofos de 68, expõe os pressupostos que anunciava a transformação radical na maneira como o saber é produzido, distribuído e legitimado nas áreas mais avançadas do capitalismo contemporâneo. Livro seminal, escrito por um dos mais furiosos críticos da pós-modernidade no campo das questões estéticas.

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