Pouco mais tarde, Arendt fugiu para Paris. Lá conheceu seu futuro marido, o também filósofo Heinrich Blücher, com quem emigraria para os Estados Unidos em 1941. Em Nova York, inicia-se sua verdadeira carreira: ela escreve para revistas, trabalha como revisora, professora universitária e em diversas organizações judaicas.Em 1951, publicou seu revolucionário estudo Origens do totalitarismo. Seguem-se outros escritos, entre os quais Vita activa, uma teoria da atividade política. Em Sobre a revolução, ela examina as reviravoltas políticas radicais.Certa vez, Arendt classificou sua profissão como "teoria política, se é que se pode falar em profissão". Seus livros a colocaram na capa de revistas importantes, aclamada como uma das grandes filósofas do século.Em 1963, publicou Eichmann em Jerusalém, sobre o processo contra o criminoso nazista. Aqui Hannah Arendt cunha a famosa expressão "a banalidade do mal". O livro desencadeou uma longa e acirrada controvérsia.Entre outros argumentos, a filósofa foi acusada de, com sua teoria da banalidade, minimizar os crimes dos nazistas e o sofrimento dos judeus. Em resposta, Arendt disse, de certa maneira, compreender a reação indignada ao fato de ela ainda poder rir."Mas eu realmente achava que Eichmann era um palhaço. Li, e com muita atenção, seu interrogatório policial, 3.600 páginas. E não sei quantas vezes tive que rir, mas com vontade! As pessoas levam a mal essa minha reação."
O tema não a deixou mais em paz. Em 1965, fez uma palestra intitulada Sobre o mal, somente publicada em 2006, ano de seu centenário. O tema é o mal, diante do qual as palavras falham e o raciocínio fracassa.Segundo Arendt, a origem dessa forma do mal está na própria recusa de pensar e julgar. Desta, resulta uma incapacidade de – na qualidade de agressor potencial – se ver no papel da vítima. Assim, Adolf Eichmann jamais levou em conta o destino dos judeus, cujo transporte e morte nos campos de extermínio ele organizara.Da mesma forma, os terroristas suicidas não pensam nas vítimas de seus atos. Deste ponto de vista, se poderia ler hoje em dia a palestra de Arendt e seu livro sobre Eichmann como uma contribuição para o debate sobre as causas do terrorismo mundial.Hannah Arendt faleceu em 4 de dezembro de 1975. A partir de sua própria experiência como judia, durante toda a vida ela interferiu, se imiscuiu, sabendo que a irreflexão moral e política é o maior perigo. Por isso ela sempre procurou a "ousadia da exposição pública". A filósofa explica:"Trata-se de se expor à luz pública, precisamente como pessoa. A segunda ousadia é: estamos iniciando algo, entrelaçamos nosso fio na rede das relações. No que isso resultará, não sabemos jamais. E concluindo, eu diria que essa ousadia só é possível com confiança nos seres humanos."
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