catherine cesarsky

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Para que serve a astronomia? A astronomia é a ciência pela qual o ser humano tenta responder a questões que, desde sempre, têm ocupado sua mente: De onde viemos? Para onde vamos? Estaremos sozinhos no universo? Servindo-nos de recursos científicos, procuramos a resposta para essas questões além de tentarmos compreender o modo como funciona o universo. Em primeiro lugar, como teria ocorrido a criação do próprio universo e, em seguida, das galáxias que o povoam, das estrelas e dos planetas? Procuramos saber se, no universo, existem outros planetas e se estes são semelhantes ao nosso. Em breve, provavelmente tentaremos saber se eles são habitados por seres vivos. Ttalvez, até mesmo, por seres feitos com células, como é o nosso caso.Qual é a situação atual da astronomia? A astronomia vive em nossa época sua idade de ouro, em grande parte, graças ao enorme progresso da tecnologia. A astronomia é uma ciência que tira o máximo partido da tecnologia e que, por outro lado, contribui para seu progresso, avançando sempre até o conhecimento extremo da eletrônica, da ótica e da mecânica. Os progressos recentes fornecem, agora, recursos de observação muito mais sofisticados que os instrumentos à nossa disposição anteriormente. Durante muito tempo foram estudadas apenas algumas galáxias vizinhas, isto é, nosso universo mais próximo. Agora, dispomos de telescópios e instrumentos muito mais sensíveis que permitem observar suas origens que, aliás, nos parecem ter uma intensidade muito menor – na maior parte das vezes, sua localização é muito mais distante. E quando observamos uma galáxia cuja localização é bastante longínqua, considerando que a luz leva muito mais tempo para chegar até nós, acabamos por vê-la como ela era no momento em que foi enviada a luz que recebemos. Atualmente, pensamos que a idade do universo gira em torno de 13,6 bilhões de anos; ora, somos capazes de observar galáxias que são um pouco menos antigas que o universo.
Que novos progressos podemos esperar da astronomia nos próximos anos? Estamos vivendo, atualmente, as primeiras descobertas de galáxias que já existiam nos primórdios da vida do universo. Por enquanto, conseguimos descortinar apenas as mais brilhantes; mais tarde, com a ajuda de instrumentos ainda mais sensíveis, poderemos compreender como ocorreu sua formação e se existe semelhança com as galáxias tal como elas são atualmente. Poderemos estudar suas propriedades, o que me parece ser algo verdadeiramente interessante. Estamos também em via de determinar, com precisão, os parâmetros cosmológicos, ou seja, aqueles que dirigem a expansão do universo e sua criação no momento do Big Bang. Neste aspecto, igualmente, esperamos consideráveis progressos. Por último, existem planetas extrassolares cuja descoberta se fez graças a seus efeitos indiretos detectados nos últimos dez anos. Neste momento, conseguimos identificar algumas centenas. Além disso, dispomos de um conhecimento cada vez mais aperfeiçoado para encontrar planetas que se assemelham à Terra e, em breve, estudaremos suas características. Essa evolução terá modificado, também, o ofício de astrônomo? Atualmente, o dia-a-dia do astrônomo nada tem a ver com seu cotidiano no passado. Existem, essencialmente, dois tipos de astronomia de observação: no solo e no espaço. Em relação ao espaço, temos necessidade de um tempo mais longo para desenvolver os instrumentos, que devem ser perfeitos – temos de evitar qualquer erro. Entre a proposta de um projeto de novo instrumento e sua realização, é preciso contar com uns 15 anos. Em seguida, ele é embarcado em um satélite e, para a exploração do sistema solar, por vezes é necessário esperar de 8 a 10 anos para que a sonda chegue à localização adequada. Portanto, haja paciência! Os telescópios utilizados pelos astrônomos no solo, por sua vez, nada têm a ver com os instrumentos de nossos predecessores. Dispomos, agora, de telescópios com diâmetro de 8m a 10m; além disso, estão em estudo novos instrumentos com diâmetros da ordem de 30m e, até mesmo, de 40m e acima. Os astrônomos não ficam mais sentados diante do telescópio em um domo frio e com o olhar fixado na estrela para ter a certeza de que ela não vai sair de seu campo de visão. Atualmente, eles trabalham com computadores e todas as operações são teleguiadas. Já se foi o tempo em que a astronomia se contentava com o que era visível. Entre o solo e o espaço, o universo é perscrutado em todos os comprimentos de onda, desde as ondas de rádio aos raios gama, o que nos fornece uma visão muito mais abrangente.

O que você espera do Ano Mundial da Astronomia? O Ano Mundial da Astronomia foi concebido pela União Astronômica Internacional e, felizmente, a UNESCO aderiu imediatamente a essa proposta. Nosso objetivo consiste em que todas as pessoas compartilhem nosso deslumbramento, como astrônomos, diante dos mistérios do universo. Desejamos que todos os países mostrem interesse por esta iniciativa – a propósito, muitos já têm promovido diferentes atividades. E desejamos que o público, no sentido mais amplo possível, possa implicar-se nesta comemoração. Gostaríamos, então, que até o final do ano cada pessoa da Terra tenha dirigido seu olhar para o firmamento, nem que seja por um instante, tenha lido alguma publicação sobre as descobertas mais recentes ou refletido sobre o lugar que ocupamos no universo.