sexta-feira, 1 de maio de 2009

jean genet

GAY - QUERELLE FILM - from JEAN GENET book
http://br.youtube.com/watch?v=atMGOuSit0U
Entrevista com Edmund White, biógrafo de Jean Genet...Qual a maior dificuldade em escrever sobre um autor que narrava sua própria vida?Edmund White: O maior desafio foi interpretar o que ele escrevia, pois ele fazia ficção sobre sua própria vida. Nem tudo que escrevia era verdade. De fato, a maior parte não era. Por exemplo, em dado momento ele diz que passou dois anos na Espanha. Quando fui pesquisar, verifiquei que na verdade haviam sido apenas dois meses. De fato, nem tudo era verdade, mas as mentiras sempre tinham sua razão de ser. Ele tomava muitas licenças poéticas em relação à verdade.Genet usou a literatura para construir um personagem e ser visto da maneira como ele gostaria de ser visto?White: Sim, acho que você pegou exatamente o ponto. Comparando sua vida real com o que ele descreve nos romances, percebe-se nitidamente uma intenção de se fazer mais perigoso do que realmente era. Na vida real, seus crimes não eram muito graves. Roubou roupas, livros, falsificou bilhetes de trem. No entanto ele se descrevia como perigoso. Nas entrevistas que concedia, era comum dizer: 'Respondo a todas as perguntas, exceto sobre assassinatos que cometi'. Era uma maneira de impressionar jornalistas, um modo de valorizar sua história.
Você chegou a conhecer Genet pessoalmente?White: Infelizmente não. Poderia até ter conhecido, já que fui morar em Paris em 1982 e passei dezesseis anos lá. E Genet também esteve por lá até sua morte, em 1986. Mas ele quase não parava em Paris. Preferia passar a maior parte do tempo no Norte da África, no Marrocos.Você enfatiza que Genet não é exatamente o que Sartre retrata. Você cha que Sartre tentou santificar Genet, ou ele apenas manipulou o mito do santo criminoso?White: Sartre ficou realmente muito impressionado com o talento de Genet e de certa forma tentou sim manipular o mito.
Você diz que Genet era um homem culto, apesas de ele não ter tido uma educação formal ou estudar em uma universidade.White: Sim, isso é o que mais me impressiona em sua personalidade. Genet era muito inteligente e foi um auto-didata. Tinha uma incrível capacidade de aprender. Não deixa de ser impressionante que um homem com tão pouco estudo tenha sido capaz de escrever uma obra que impressionou a ponto de motivar dois grandes pensadores do nosso tempo, como Sartre e Derrida (Jacques Derrida, membro do Colégio Internacional de Filosofia) a escrever sobre ele. Além deles, Foucalt também escreveu sobre ele.Qual a importância de Genet para a literatura do século 20?White: Principalmente isso que nós falamos agora, um auto-didata capaz de impressionar grandes filósofos. Ele escreveu cinco grandes romances e três peças de teatro, além de poesia. Era um artista muito talentoso e multifacetado. É preciso deixar claro que sua obra no teatro é muito diferente da ficção. No teatro ele era formal, quase católico, enquanto na ficção ele fez uma biografia que tendia para o poético. Ali havia mais ficção do que realmente fato. Ele também teve enorme importância ao descrever de maneira muito objetiva o submundo gay.

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