No entanto, a maior ou menor facilidade de resolver os problemas técnicos é apenas um dos elementos que pesam na decisão de um país disposto a entrar para o clube nuclear. Contam também, por exemplo, o custo financeiro da operação ou o preço político e econômico a pagar. Nenhum Estado fabrica armas simplesmente por dispor de matérias físseis. A Alemanha, a Bélgica, a Holanda, a Suíça, o Japão e a Coréia do Sul, por exemplo, possuem quantidades apreciáveis de plutônio e de urânio enriquecido ou poderiam produzi-los rapidamente sem necessidade de se servir deles para fins militares. A aquisição de armas é essencialmente uma decisão política.Vizinhos do Irã, e envolvidos em querelas com este país, Arábia Saudita, Egito, Síria ou a Turquia poderiam se sentir tentados a possuir a bomba:A questão, portanto, é saber se os acontecimentos políticos que se produziram a adesão de alguns países ao TNP pode levá-los a questionar sua renúncia à bomba. Para muitos, o fim da guerra fria acabou com a ameaça mais grave, mas enfraqueceu a confiança que tinham na proteção de uma das superpotências e a percepção de que sua segurança foi modificada. Paralelamente, a rivalidade de poder para dominar algumas regiões tornou-se mais aguda. A indulgência de que a Índia e o Paquistão se beneficiaram, após suas experiências e o enfraquecimento da política de não-proliferação, desde 1995, representam um acontecimento essencial. Para alguns países, o mais importante foi a mudança de seu próprio regime político: a revolução islâmica no Irã, o fim do apartheid na África do Sul, a substituição de uma junta militar por um governo democrático na Argentina e no Brasil.
Seria preciso, então, um estudo aprofundado de cada Estado para saber quais deles poderiam abandonar sua política de abstinência e que acontecimentos poderiam levá-los a uma mudança de posição. Na ausência de uma análise detalhada, o bom senso sugere que a probabilidade é fraca na Europa e na América Latina. É muito mais elevada nas duas regiões mais tumultuadas - Oriente Médio e Ásia. E de todos os fatores que podem provocar uma mudança política radical, a passividade da comunidade internacional diante de uma violação flagrante do Tratado é certamente o mais importante.Se o Irã atingir seus objetivos, é difícil não admitir que a Arábia Saudita, o Egito, a Síria ou a Turquia sigam o mesmo caminho. Vizinhos do Irã, com o qual sempre têm querelas que podem se transformar em conflitos, eles podem invocar os mesmos argumentos de segurança que o Teerã, a quem não têm intenção de reconhecer qualquer superioridade regional. A situação mais perigosa é evidentemente a da Arábia Saudita e a do Egito, onde a estabilidade não é garantida.Caso a ação da Coréia do Norte não seja interrompida, é possível que o Japão, a Coréia do Sul e Taiwan se lancem também em um programa nuclear militar para o qual já têm os meios técnicos.A lista de candidatos em potencial não pára aí. As tentativas mais recentes — no Paquistão, na Coréia do Norte, no Iraque, no Irã, na Líbia – estão ligadas à existência de regimes autoritários, próximos de círculos militares, que dispõem de uma renda, graças à dominação dos recursos naturais do país, e buscam compensar seus fracassos contentando a opinião pública com a idéia de amor-próprio nacional. Esse esquema pode-se aplicar também a países como a Birmânia e até mesmo a Nigéria. Em outros casos, uma mudança de orientação parece menos provável, embora não possa ser descartada. É o caso da Indonésia e da Malásia, onde foram fabricadas as centrífugas destinadas à Líbia e, talvez, em grau menor, da Argélia.
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