quinta-feira, 28 de maio de 2009

botho strauss

Em 'Mikado', Botho Strauss resgata o gênero das histórias de calendário e trama enredos improváveis e sinistros numa coletânea de 41 contos em miniatura.Um homem paga um resgate astronômico por sua esposa seqüestrada, mas a mulher trazida de volta para casa pelos policiais é uma ilustre desconhecida. Uma visita indesejada ajuda um casal a ganhar na loto através de uma coincidência numérica inexplicável; enquanto ela se suicida, um pombo-correio traz um bilhete assinado por ela, parabenizando-os pelo prêmio. Uma mulher resolve trair seu marido com o melhor amigo dele, para que ele jamais consiga olhá-lo de novo nos olhos.Em 41 minicontos, reunidos no livro Mikado (Jogo de varetas), o romancista e dramaturgo Botho Strauss tece tramas absurdas, improváveis e sinistras, sem abdicar de personagens realistas e ambientes cotidianos. É justamente este contraste que confere suspense a essas miniaturas narrativas. Para 41 peças do jogo de varetas,
respectivamente, uma história; em seu conjunto, um cosmos de atitudes tipicamente humanas diante do inexplicável.
Em Mikado, Strauss resgata o gênero das chamadas histórias de calendário, breves anedotas propagadas nas páginas diárias das "folhinhas" e resgatadas como gênero literário a partir do século 19, servindo posteriormente de campo de experimento para escritores como Franz Kafka, Bertolt Brecht e Walter Benjamin.A crítica recebeu com entusiasmo o novo volume de contos de Botho Strauss, um dos dramaturgos contemporâneos mais encenados na Alemanha. Grande parte das resenhas elogiou a simplicidade e concentração da linguagem e os enredos inventivos, repletos de equívocos e imprevistos.
Estamos em Berlim e corre um Verão abrasador e insuportável. No silêncio de um quarto de cortinas corridas, um homem só, debruçado sobre a sua secretária: Richard Schroubek, 31 anos, livreiro, abandonado inesperadamente e sem qualquer explicação por Hannah, mulher com quem vivia, transformou-se num “caso social de amor” que diariamente expõe o seu “estado de luto”. Escreve a “biografia das suas horas vazias”, para que o diálogo com Hannah não se quebre com a separação, para que, após o desejado regresso, ela tome conhecimento do seu amor. “A Dedicatória é a história de um desaire de amor”, escreveu B. Heinrichs no Zeit. Por isso, o autor usa um tom estridente e catastrófico, mas também irónico. A Dedicatória é ainda uma parábola sobre Berlim, e mesmo sobre a Europa separada, a quem a solidão reacende a memória do nazismo e do antigo exercício de uma vasta livraria, tornada agora afectiva e culturalmente impotente.

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