sábado, 2 de maio de 2009

barbara cassin

olha entrevista dela
http://www.cite-sciences.fr/francais/ala_cite/science_actualites/sitesactu/dossier.php?langue=an&id_dossier=501&id_article=8763&tc=QACTU
A autora preparou uma obra diferente da edição francesa de mesmo nome. Nestas páginas, ela apresenta seu trabalho por meio de traduções e análises de textos filosóficos, (alguns deles, pela primeira vez, traduzidos para o nosso idioma). São obras da filosofia e da sofística formando o que se poderia chamar de "história sofística da filosofia". A partir de textos de Parmênides, Górgias, Antifonte, Élio Aristides, Filóstrato, Luciano e outros, a autora chama para o diálogo (e enfrentamento) as principais correntes interpretativas, de Nietzche e Heidegger aos filósofos da linguagem contemporâneos. Cassin insiste sobre os dois grandes momentos de constituição da sofística: o primeiro, com o qual passamos "da natureza ao discurso: o ser é um efeito do dizer", e o segundo, quando, recuperada pela retórica latina, passamos "do discurso ao palimpsesto".
O que emerge ainda hoje da filosofia de Aristóteles em face das questões que enfrentamos? Aristóteles é o paradigma do fenomenologicamente correto. E correto não apenas na facilidade ontológica de dizer o mundo tal qual ele é: fenomenologia em que as coisas, as afecções da alma e os sons da voz coincidem naturalmente. Correto também, praticamente, porque os seres humanos que ele nos descreve vivem num mundo comum, poética e politicamente apresentável. Diante disso, Bárbara Cassin interroga essa bela imagem a partir das inconsistências e dos hiatos que Aristóteles, por muito honesto, não busca esconder. Dizer o mundo? Mas e o salto entre o que sentimos e o que dizemos, entre a lógica da sensação e a da sentença? Falar em homem? Mas e os homens, os sofistas, os escravos, as mulheres? Isso não vai dar certo. Ao tomar o logos como o fio condutor, vê-se Aristóteles a trabalhar, ao mesmo tempo, com e contra os saltos e as passagens que a língua grega autoriza, língua que desde sempre se classificou rapidamente como fenomenológica. E desse modo Aristóteles se permite deixar contar menos pelos contos da fenomenologia ordinária.

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